sábado, 30 de julho de 2016

Os Dois Grandes Mandamentos



 Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Mateus 5:17 (NVI)

O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. João 15:12

Na última semana antes da sua crucificação, os conflitos entre Jesus Cristo e os líderes religiosos em Jerusalém chegaram ao seu auge. Jesus respondeu com sua sabedoria divina a todas as perguntas, frustrando um adversário após outro. Mateus nos diz que, depois de vários destes encontros, “os fariseus sabendo que ele fizera calar os saduceus, reuniram-se em conselho. E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou: Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?” (Mateus 22:34-36). Enquanto Marcos sugere certa sinceridade da parte do escriba que perguntou (veja Marcos 12:32-34), é provável que outros fariseus esperassem que Jesus tropeçasse nesta pergunta. Como eles exaltavam alguns mandamentos e negligenciavam outros, talvez imaginassem uma oportunidade para acusá-lo mais uma vez de desrespeitar o sábado ou alguma regrinha deles sobre a purificação cerimonial.


Independente dos motivos dos interrogadores, a resposta do Mestre merece a nossa atenção: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mateus 22:37-40). Algumas observações sobre este texto nos ajudarão a fazer o uso correto destas palavras do Senhor.

1) Jesus não citou dois da lista dos “Dez Mandamentos” do Antigo Testamento. Talvez os fariseus esperassem que ele destacasse o sábado ou alguma outra lei sobre o comportamento externo do homem, mas Jesus respondeu de outra maneira. As palavras que ele citou não vêm dos Dez Mandamentos e sim, de passagens menos conhecidas. A instrução de amar a Deus vem de um dos últimos discursos de Moisés (Deuteronômio 6:5). E o segundo mandamento vem do meio de uma lista de instruções sobre o tratamento de outras pessoas (Levítico 19:18).

2) Jesus claramente viu Deus acima do homem, e o serviço a Deus acima de causas humanitárias. Isso não diminui a importância de servir aos outros, que é claramente de grande importância no ensinamento bíblico, mas nos lembra da prioridade necessária. Os contextos destas citações frisam o fato fundamental de que “o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Deuteronômio 6:4; Marcos 12:32). As noções dominantes no ecumenismo moderno, que buscam um denominador comum nas obras de caridade e diminuem a importância da conversão ao único verdadeiro Deus, afrontam diretamente o Deus que merece o nosso amor absoluto e incondicional. O primeiro mandamento é amar a Deus!

3) É impossível amar a Deus sem amar aos outros. Um dos apóstolos de Jesus escreveu: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 João 4:20).

4) Estes mandamentos não vêm da Lei, a Lei vem destes mandamentos. Sim, estes mandamentos aparecem nos livros da Lei do Antigo Testamento, mas Jesus explica a relação entre estes e os outros mandamentos: “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mateus 22:40). A Lei reflete o caráter daquele que o deu: “Deus é amor” (1 João 4:8). 

Ao invés de entender estes dois mandamentos como parte de um código moral, devemos entender que todas as revelações de Deus, sejam mandamentos dados no Antigo Testamento para os israelitas ou mandamentos dados por Jesus para todas as pessoas, dependem destes princípios que vêm da própria natureza de Deus.
Jesus não nega a importância de obedecer às outras instruções do Novo Testamento, mas nos lembra que qualquer exigência divina se baseia no caráter de Deus. Desta maneira, entendemos que o amor ao Senhor inclui obediência a todas as instruções que ele nos deu. O mesmo Jesus esclareceu este fato quando disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” e “Quem não me ama não guarda as minhas palavras” (João 14:15,24).

Jesus Revogou a Lei do Antigo Testamento?

Uma leitura superficial de alguns versículos apresenta uma dificuldade, até dando a impressão de uma contradição nas Escrituras. Alguns religiosos aproveitam esta suposta contradição para negar claras afirmações sobre o anulamento da Lei dada aos israelitas no monte Sinai. 

Em Mateus 5:17-18, Jesus disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo, até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. ” Alguns citam esta afirmação para tentar obrigar as pessoas de hoje a guardarem o sábado e outros mandamentos da Antiga Aliança. 

Para compreender este comentário de Jesus, precisamos prestar atenção especial a três palavras que ele usou. A palavra revogar vem de uma palavra grega que significa derrubar, subverter ou destruir. Jesus não veio para subverter a Lei, ele veio para cumprir. A palavra traduzida cumprir significa completar, levar até o fim, realizar ou obedecer. Jesus não pretendia subverter a lei, ele pretendia cumpri-la, assim a levando até o seu determinado fim. A terceira palavra importante é a preposição até. Os céus e a terra poderiam passar, mas a lei não passaria até ser cumprida. Esta palavra (traduzida até, até que, ou enquanto) significa algo que chega até um certo ponto e termina. Deus falou para José ficar no Egito até que ele fosse avisado (Mateus 2:13). José não “conheceu” Maria “enquanto ela não deu à luz um filho” (Mateus 1:25). Na morte de Jesus, houve trevas até à hora nona (Lucas 23:44). A Lei não perdeu sua força até ser cumprida por Jesus. 

O autor de Hebreus usou uma palavra diferente, embora traduzida em algumas Bíblias pela mesma palavra portuguesa, quando disse: “Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nós chegamos a Deus” (Hebreus 7:18-19). Revogar, neste trecho, significa anular, abolir ou remover. No mesmo capítulo, ele falou da mudança (ou remoção) da lei (Hebreus 7:12). 

Os cristãos não estão “subordinados” à Lei (Gálatas 3:24-25). Mesmo os cristãos judeus, que estavam sujeitos à lei, foram libertados dela (Romanos 7:6). O escrito da dívida foi removido inteiramente na cruz, pois Jesus cumpriu aquela Lei (Colossenses 2:14). Após a morte do Testador, a Nova Aliança tomou seu lugar (Hebreus 8:6-13; 9:15-17).

Jesus não subverteu a Lei do Antigo Testamento; ele cumpriu e removeu aquela e nos deu a Nova Aliança.

Concluindo:

"Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros."  João 13:34-35

 Perguntaram a Jesus o que se deve fazer para executar as obras de Deus. A resposta não foi guardar o sábado, nem a lei e nem os Dez Mandamentos, mas exercer fé em Jesus (Jo 6.28,29).

"E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento. E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado."  1 João 3:23-24

O Senhor Jesus não incluiu o sistema mosaico na Grande Comissão. Ele disse para “guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.20). O mandamento de Cristo é a fé nEle, é a lei do amor (Rm 13.10; Gl 5.14) e não a letra da lei. Quem ama a Cristo tem a lei do Espírito em seu coração.

Em Jesus Cristo, toda a lei foi cumprida, isto é, todos os preceitos morais, cerimoniais e civis.  Hoje, vivemos sob a Graça de Deus.


Fonte: www.estudosdabiblia.net | www.aquieuaprendi.blogspot.com.br

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