O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim
como eu vos amei. João 15:12
Na última semana antes da sua crucificação, os conflitos
entre Jesus Cristo e os líderes religiosos em Jerusalém chegaram ao seu auge.
Jesus respondeu com sua sabedoria divina a todas as perguntas, frustrando um
adversário após outro. Mateus nos diz que, depois de vários destes encontros,
“os fariseus sabendo que ele fizera calar os saduceus, reuniram-se em conselho.
E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou: Mestre, qual é
o grande mandamento na Lei?” (Mateus 22:34-36). Enquanto Marcos sugere certa
sinceridade da parte do escriba que perguntou (veja Marcos 12:32-34), é
provável que outros fariseus esperassem que Jesus tropeçasse nesta pergunta.
Como eles exaltavam alguns mandamentos e negligenciavam outros, talvez
imaginassem uma oportunidade para acusá-lo mais uma vez de desrespeitar o
sábado ou alguma regrinha deles sobre a purificação cerimonial.
Independente dos motivos dos interrogadores, a resposta do
Mestre merece a nossa atenção: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus,
de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é
o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os
Profetas” (Mateus 22:37-40). Algumas observações sobre este texto nos ajudarão
a fazer o uso correto destas palavras do Senhor.
1) Jesus não citou dois da lista dos “Dez Mandamentos” do
Antigo Testamento. Talvez os fariseus esperassem que ele destacasse o sábado ou
alguma outra lei sobre o comportamento externo do homem, mas Jesus respondeu de
outra maneira. As palavras que ele citou não vêm dos Dez Mandamentos e sim, de
passagens menos conhecidas. A instrução de amar a Deus vem de um dos últimos
discursos de Moisés (Deuteronômio 6:5). E o segundo mandamento vem do meio de
uma lista de instruções sobre o tratamento de outras pessoas (Levítico 19:18).
2) Jesus claramente viu Deus acima do homem, e o serviço a
Deus acima de causas humanitárias. Isso não diminui a importância de servir aos
outros, que é claramente de grande importância no ensinamento bíblico, mas nos
lembra da prioridade necessária. Os contextos destas citações frisam o fato
fundamental de que “o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Deuteronômio 6:4;
Marcos 12:32). As noções dominantes no ecumenismo moderno, que buscam um
denominador comum nas obras de caridade e diminuem a importância da conversão
ao único verdadeiro Deus, afrontam diretamente o Deus que merece o nosso amor
absoluto e incondicional. O primeiro mandamento é amar a Deus!
3) É impossível amar a Deus sem amar aos outros. Um dos
apóstolos de Jesus escreveu: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu
irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode
amar a Deus, a quem não vê” (1 João 4:20).
4) Estes mandamentos não vêm da Lei, a Lei vem destes
mandamentos. Sim, estes mandamentos aparecem nos livros da Lei do Antigo
Testamento, mas Jesus explica a relação entre estes e os outros mandamentos:
“Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mateus 22:40). A
Lei reflete o caráter daquele que o deu: “Deus é amor” (1 João 4:8).
Ao invés
de entender estes dois mandamentos como parte de um código moral, devemos
entender que todas as revelações de Deus, sejam mandamentos dados no Antigo
Testamento para os israelitas ou mandamentos dados por Jesus para todas as
pessoas, dependem destes princípios que vêm da própria natureza de Deus.
Jesus não nega a importância de obedecer às outras
instruções do Novo Testamento, mas nos lembra que qualquer exigência divina se
baseia no caráter de Deus. Desta maneira, entendemos que o amor ao Senhor
inclui obediência a todas as instruções que ele nos deu. O mesmo Jesus
esclareceu este fato quando disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”
e “Quem não me ama não guarda as minhas palavras” (João 14:15,24).
Jesus Revogou a Lei do Antigo Testamento?
Uma leitura superficial de alguns versículos apresenta uma
dificuldade, até dando a impressão de uma contradição nas Escrituras. Alguns
religiosos aproveitam esta suposta contradição para negar claras afirmações
sobre o anulamento da Lei dada aos israelitas no monte Sinai.
Em Mateus 5:17-18, Jesus disse: “Não penseis que vim revogar
a Lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade
vos digo, até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da
Lei, até que tudo se cumpra. ” Alguns citam esta afirmação para tentar obrigar
as pessoas de hoje a guardarem o sábado e outros mandamentos da Antiga
Aliança.
Para compreender este comentário de Jesus, precisamos
prestar atenção especial a três palavras que ele usou. A palavra revogar vem de
uma palavra grega que significa derrubar, subverter ou destruir. Jesus não veio
para subverter a Lei, ele veio para cumprir. A palavra traduzida cumprir
significa completar, levar até o fim, realizar ou obedecer. Jesus não pretendia
subverter a lei, ele pretendia cumpri-la, assim a levando até o seu determinado
fim. A terceira palavra importante é a preposição até. Os céus e a terra
poderiam passar, mas a lei não passaria até ser cumprida. Esta palavra
(traduzida até, até que, ou enquanto) significa algo que chega até um certo
ponto e termina. Deus falou para José ficar no Egito até que ele fosse avisado
(Mateus 2:13). José não “conheceu” Maria “enquanto ela não deu à luz um filho”
(Mateus 1:25). Na morte de Jesus, houve trevas até à hora nona (Lucas 23:44). A
Lei não perdeu sua força até ser cumprida por Jesus.
O autor de Hebreus usou uma palavra diferente, embora
traduzida em algumas Bíblias pela mesma palavra portuguesa, quando disse:
“Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua
fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por
outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nós chegamos a Deus”
(Hebreus 7:18-19). Revogar, neste trecho, significa anular, abolir ou remover.
No mesmo capítulo, ele falou da mudança (ou remoção) da lei (Hebreus
7:12).
Os cristãos não estão “subordinados” à Lei (Gálatas
3:24-25). Mesmo os cristãos judeus, que estavam sujeitos à lei, foram
libertados dela (Romanos 7:6). O escrito da dívida foi removido inteiramente na
cruz, pois Jesus cumpriu aquela Lei (Colossenses 2:14). Após a morte do
Testador, a Nova Aliança tomou seu lugar (Hebreus 8:6-13; 9:15-17).
Jesus não subverteu a Lei do Antigo Testamento; ele cumpriu
e removeu aquela e nos deu a Nova Aliança.
Concluindo:
"Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos
outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto
todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos
outros." João 13:34-35
Perguntaram a Jesus o
que se deve fazer para executar as obras de Deus. A resposta não foi guardar o
sábado, nem a lei e nem os Dez Mandamentos, mas exercer fé em Jesus (Jo
6.28,29).
"E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu
Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento. E
aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos
que ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado." 1 João 3:23-24
O Senhor Jesus não incluiu o sistema mosaico na Grande
Comissão. Ele disse para “guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt
28.20). O mandamento de Cristo é a fé nEle, é a lei do amor (Rm 13.10; Gl 5.14)
e não a letra da lei. Quem ama a Cristo tem a lei do Espírito em seu coração.
Em Jesus Cristo, toda a lei foi cumprida, isto é, todos os
preceitos morais, cerimoniais e civis.
Hoje, vivemos sob a Graça de Deus.
Fonte: www.estudosdabiblia.net | www.aquieuaprendi.blogspot.com.br
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