"Porque não adorarás a nenhum outro deus; pois o Senhor, cujo nome
é Zeloso, é Deus zeloso. Êxodo 34:14"
Ne 8.5,6 “E Esdras abriu o
livro perante os olhos de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e,
abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé. E Esdras louvou o SENHOR, o grande
Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém!, levantando as mãos; e inclinaram-se
e adoraram o SENHOR, com o rosto em terra.”
A adoração consiste nos atos
e atitudes que reverenciam e honram à majestade do grande Deus do céu e da
terra. Sendo assim, a adoração concentra-se em Deus, e não no ser humano.
No culto cristão, nós nos
acercamos de Deus em gratidão por aquilo que Ele tem feito por nós em Cristo e
através do Espírito Santo. A adoração requer o exercício da fé e o reconhecimento
de que Ele é nosso Deus e Senhor.
BREVE
HISTÓRIA DA ADORAÇÃO AO VERDADEIRO DEUS.
O ser humano adora a Deus
desde o ínicio da história. Adão e Eva tinham comunhão regular com Deus no jardim
do Éden (cf. Gn 3.8). Caim e Abel trouxeram a Deus oferendas (hb. minhah, termo
também traduzido por “tributo” ou dádiva”) de vegetais e de animais (Gn 4.3,4).
Os descendentes de Sete invocavam “o nome do SENHOR” (Gn 4.26). Noé construiu
um altar ao Senhor para oferecer holocaustos depois do dilúvio (Gn 8.20).
Abraão assinalou a paisagem da terra prometida com altares para oferecer
holocaustos ao Senhor (Gn 12.7,8; 13.4, 18; 22.9) e falou intimamente com Ele
(Gn 18.23-33; 22.11-18).
Somente depois do êxodo,
quando o Tabernáculo foi construído, é que a adoração pública tornou-se formal.
A partir de então, sacrifícios regulares passaram a ser oferecidos diariamente,
e especialmente no sábado, e Deus estabeleceu várias festas sagradas anuais
como ocasiões de culto público dos israelitas (Êx 23.14-17; Lv 1—7; Dt 12; 16).
O culto a Deus foi posteriormente centralizado no templo de Jerusalém (cf. os
planos de Davi, segundo relata 1Cr 22—26). Quando o templo foi destruído, em
586 a.C., os judeus construíram sinagogas como locais de ensino da lei e
adoração a Deus enquanto no exílio, e aonde quer que viessem a morar. As
sinagogas continuaram em uso para o culto, mesmo depois de construído o segundo
templo por Zorobabel (Ed 3—6). Nos tempos do NT havia sinagogas na Palestina e
em todas as partes do mundo romano (e.g. Lc 4.16; Jo 6.59; At 6.9; 13.14; 14.1;
17.1, 10; 18.4; 19.8; 22.19).
A adoração na igreja
primitiva era prestada tanto no templo de Jerusalém quanto em casas
particulares (At 2.46,47). Fora de Jerusalém, os cristãos prestavam culto a
Deus nas sinagogas, enquanto isso lhes foi permitido. Quando lhes foi proibido
utilizá-las, passaram a cultuar a Deus noutros lugares, geralmente em casas
particulares (cf. At 18.7; Rm 16.5; Cl 4.15; Fm v. 2), mas, às vezes, em salões
públicos (At 19.9,10).
MANIFESTAÇÕES
DA ADORAÇÃO CRISTÃ.
(1) Dois princípios-chaves
norteiam a adoração cristã. (a) A verdadeira adoração é a que é prestada em
espírito e verdade (ver Jo 4.23 nota), i.e., a adoração deve ser oferecida à
altura da revelação que Deus fez de si mesmo no Filho (ver Jo 14.6). Por sua
vez, ela envolve o espírito humano, e não apenas a mente, e também como as
manifestações do Espírito Santo (1Co 12.7-12). (b) A prática da adoração cristã
deve corresponder ao padrão do NT para a igreja (ver At 7.44 nota). Os crentes
atuais devem desejar, buscar e esperar, como norma para a igreja, todos os
elementos constantes da prática da adoração vista no NT (cf. o princípio
hermenêutico estudado na introdução a Atos).
(2) O fato marcante da
adoração no AT era o sistema sacrificial (ver Nm 28, 29). Uma vez que o
sacrifício de Cristo na cruz cumpriu esse sistema, já não há mais qualquer
necessidade de derramamento de sangue como parte do culto cristão (ver Hb
9.1—10.18). Através da ordenança da Ceia do Senhor, a igreja do NT comemorava
continuamente o sacrifício de Cristo, efetuado de uma vez por todas (1Co
11.23-26). Além disso, a exortação que tem a igreja é oferecer “sempre, por
ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o
seu nome” (Hb 13.15), e a oferecer nossos corpos como “sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus” (Rm 12.1 nota).
(3) Louvar a Deus é
essencial à adoração cristã. O louvor era um elemento-chave na adoração de
Israel a Deus (e.g., Sl 100.4; 106.1; 111.1; 113.1; 117), bem como na adoração
cristã primitiva (At 2.46,47; 16.25; Rm 15.10,11; Hb 2.12; ver o estudo O
LOUVOR A DEUS).
(4) Uma maneira autêntica de
louvar a Deus é cantar salmos, hinos e cânticos espirituais. O AT está repleto
de exortações sobre como cantar ao Senhor (e.g., 1Cr 16.23; Sl 95.1; 96.1,2; 98.1,5,6;
100.1,2). Na ocasião do nascimento de Jesus, a totalidade das hostes celestiais
irrompeu num cântico de louvor (Lc 2.13,14), e a igreja do NT era um povo que
cantava (1Co 14.15; Ef 5.19; Cl 3.16; Tg 5.13). Os cânticos dos cristãos eram
cantados, ou com a mente (i.e. num idioma humano conhecido) ou com o espírito
(i.e., em línguas; ver 1Co 14.15 nota).
Em nenhuma circunstância os
cânticos eram executados como passatempo.
(5) Outro elemento
importante na adoração é buscar a face de Deus em oração. Os santos do AT
comunicavam-se constantemente com Deus através da oração (e.g. Gn 20.17; Nm
11.2; 1Sm 8.6; 2 Sm 7.27; Dn 9.3-19; cf. Tg 5.17,18). Os apóstolos oravam
constantemente depois de Jesus subir ao céu (At 1.14), e a oração tornou-se
parte regular da adoração cristã coletiva (At 2.42; 20.36; 1Ts 5.17; ver o
estudo A ORAÇÃO EFICAZ). Essas orações eram, às vezes, por eles mesmos (At
4.24-30); outras vezes eram orações intercessórias por outras pessoas (e.g. At
12.5; Rm 15.30-32; Ef 6.18). Em todo tempo a oração do crente deve ser
acompanhada de ações de graças a Deus (Ef 5.20; Fp 4.6; Cl 3.15,17; 1Ts
5.17,18).
Como o cântico, o orar podia
ser feito em idioma humano conhecido, ou em línguas (1Co 14.13-15).
(6) A confissão de pecados
era sabidamente parte importante da adoração no AT. Deus estabelecera o Dia da
Expiação para os israelitas como uma ocasião para a confissão nacional de pecados
(Lv 16; ver o estudo O DIA DA EXPIAÇÃO). Salomão, na sua oração de dedicação do
templo, reconheceu a importância da confissão (1Rs 8.30-36). Quando Esdras e Neemias
verificaram até que ponto o povo de Deus se afastara da sua lei, dirigiram toda
a nação de Judá numa contrita oração pública de confissão (cap. 9). Assim,
também, na oração do Pai nosso, Jesus ensina os crentes a pedirem perdão dos
pecados (Mt 6.12). Tiago ensina os crentes a confessar seus pecados uns aos
outros (Tg 5.16); através da confissão sincera, recebemos a certeza do gracioso
perdão divino (1Jo 1.9).
(7) A adoração deve também
incluir a leitura em conjunto das Escrituras e a sua fiel exposição. Nos tempos
do AT, Deus ordenou que, cada sétimo ano, na festa dos Tabernáculos, todos os
israelitas se reunissem para a leitura pública da lei de Moisés (Dt 31.9-13). O
exemplo mais patente desse elemento do culto no AT, surgiu no tempo de Esdras e
Neemias (8.1-12). A leitura das Escrituras passou a ser uma parte regular do
culto da sinagoga no sábado (ver Lc 4.16-19; At 13.15). Semelhantemente, quando
os crentes do NT reuniam-se para o culto, também ouviam a leitura da Palavra de
Deus (1Tm 4.13; cf. Cl 4.16; 1Ts 5.27) juntamente com ensinamento, pregação e
exortação baseados nela (1Tm 4.13; 2Tm 4.2; cf. At 19.8-10; 20.7).
(8) Sempre quando o povo de
Deus se reunia na Casa do Senhor, todos deviam trazer seus dízimos e ofertas
(Sl 96.8; Ml 3.10). Semelhantemente, Paulo escreveu aos cristãos de Corinto, no
tocante à coleta em favor da igreja de Jerusalém: “No primeiro dia da semana,
cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade”
(1Co 16.2). A verdadeira adoração a Deus deve, portanto ensejar uma
oportunidade para apresentarmos ao Senhor os nossos dízimos e ofertas.
(9) Algo singular no culto
da igreja do NT era a atuação do Espírito Santo e das suas manifestações. Entre
essas manifestações do Espírito na congregação do Senhor havia a palavra da sabedoria,
a palavra do conhecimento, manifestações especiais de fé, dons de curas,
poderes miraculosos, profecia, discernimento de espíritos, falar em línguas e a
interpretação de línguas (1Co 12.7-10). O caráter carismático do culto cristão
primitivo vem, também, descrito nas cartas de Paulo: “Quando vos ajuntais, cada
um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem
interpretação” (1Co 14.26). Na primeira epístola aos coríntios, Paulo expõe
princípios normativos da adoração deles (ver 1Co 14.1-33 notas). O princípio
dominante para o exercício de qualquer dom do Espírito Santo durante o culto é
o fortalecimento e a edificação da congregação inteira (1Co 12.7; 14.26; ver o estudo
DONS ESPIRITUAIS PARA O CRENTE).
(10) O outro elemento
excepcional na adoração segundo o NT era a prática das ordenanças — o batismo e
a Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor (ou o “partir do pão”, ver At 2.42) parece
que era observada diariamente entre os crentes logo depois do Pentecostes (At
2.46,47), e, posteriormente, pelo menos uma vez por semana (At 20.7,11). O
batismo conforme a ordem de Cristo (Mt 28.19,20) ocorria sempre que havia
conversões e novas pessoas ingressavam na igreja (At 2.41; 8.12; 9.18; 10.48;
16.30-33; 19.1-5).
AS
BÊNÇÃOS DE DEUS PARA OS VERDADEIROS ADORADORES.
Quando os crentes verdadeiramente adoram a
Deus, muitas bênçãos lhes estão reservadas por Ele. Por exemplo, Ele promete
(1) que estará com eles (Mt 18.20), e que entrará e ceará com eles (Ap 3.20);
(2) que envolverá o seu povo com a sua glória (cf. Êx 40.35; 2Cr 7.1; 1Pe
4.14); (3) que abençoará o seu povo com chuvas de bênçãos (Ez 34.26),
especialmente com a paz (Sl 29.11; ver o estudo A PAZ DE DEUS); (4) que
concederá fartura de alegria (Sl 122.1,2; Lc 15.7,10; Jo 15.11); (5) que
responderá às orações dos que oram com fé sincera (Mc 11.24; Tg 5.15; ver o
estudo A ORAÇÃO EFICAZ); (6) que encherá de novo o seu povo com o Espírito
Santo e com ousadia (At 4.31); (7) que enviará manifestações do Espírito Santo
entre o seu povo (1Co 12.7-13); (8) que guiará o seu povo em toda a verdade
através do Espírito Santo (Jo 15.26; 16.13); (9) que santificará o seu povo
pela sua Palavra e pelo seu Espírito (Jo 17.17-19); (10) que consolará, animará
e fortalecerá seu povo (Is 40.1; 1Co 14.26;2Co 1.3,4; 1Ts 5.11); (11) que
convencerá o povo do pecado, da justiça e do juízo por meio do Espírito Santo
(ver Jo 16.8 nota); e (12) que salvará os pecadores presentes no culto de adoração,
sob a convicção do Espírito Santo (1Co 14.22-25).
EMPECILHOS
À VERDADEIRA ADORAÇÃO.
O simples fato de pessoas se dizendo crentes
realizarem um culto, não é nenhuma garantia de que haja aí verdadeira adoração,
nem que Deus aceite seu louvor e ouça suas orações.
(1) Se a adoração a Deus é
mera formalidade, somente externa, e se o coração do povo de Deus está longe
dEle, tal adoração não será aceita por Ele. Cristo repreendeu severamente os fariseus
por sua hipocrisia; eles observavam a lei de Deus por legalismo, enquanto seus
corações estavam longe dEle (Mt 15.7-9; 23.23-28; Mc 7.5-7). Note a censura
semelhante que Ele dirigiu à igreja de Éfeso, que adorava o Senhor mas já não o
amava plenamente (Ap 2.1-5).
(2) Outro impedimento à
verdadeira adoração é um modo de vida comprometido com o mundanismo, pecado e
imoralidade. Deus recusou os sacrifícios do rei Saul porque este desobedeceu ao
seu mandamento (1Sm 15.1-23). Isaías repreendeu severamente o povo de Deus como
“nação pecadora... povo carregado da iniqüidade da semente de malignos” (Is 1.4);
ao mesmo tempo, porém esse mesmo povo oferecia sacrifícios a Deus e comemorava
seus dias santos. Por isso, o Senhor declarou através de Isaías: “As vossas
festas da lua nova, e as vossas solenidades, as aborrece a minha alma; já me
são pesadas; já estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendeis as mãos,
escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as
ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue” (Is 1.14,15).
Semelhantemente, na igreja do NT, Jesus conclamou os adoradores em Sardes a se despertarem,
porque “não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus” (Ap 3.2). Da mesma
maneira, Tiago indica que Deus não atenderá as orações egoístas daqueles que
não se separam do mundo (Tg 4.1-5; ver o estudo A ORAÇÃO EFICAZ). O povo de
Deus só pode ter certeza que Deus estará presente à sua adoração e a aceitará,
quando esse povo tiver mãos limpas e coração puro (Sl 24.3,4; Tg 4.8).
Fonte: Bíblia de Estudos Pentecostal
Fonte: Bíblia de Estudos Pentecostal
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